Poesia 

 

MINHA MÃE, MÃE BÁRBARA DE CAJAÍBA


Pulsa em nossas veias o sangue negro desta negra da Costa do Dendê,
Ao cadente som dos sacros tambores dos orixás de Caxuté,
Saudando nossos santos queridos, nossos senhores da vida,
Configurados em rosas de Mustafá,
Que exalam amor ao nosso Tata.
Que nos invade e toma, a todos, com o axé de Oxalá!

Quem tem olhos que veja!
Quem tem ouvidos que ouça!
A soberana mãe deste solene terreiro de Cajaíba,
Em uníssono comando tirando cânticos sagrados,
Chamando os nossos deuses tão caros e tão queridos
Para perto dos seus filhos,
Para que a verdade nos tome e a frente nos leve.

Seguidores e filhos somos, com orgulho,
Desta filha da mãe Iansã e do pai Xangô,
Desta senhora da bondade e do profundo mistério,
Que pra todos “Tempo” tem, carinho e iguarias também.
Que pra todos ensina a esperança do amanhã melhor.
Que a todos abraça e guarda, como só uma mãe aos filhos faz.

Salve a nossa Mãe, Bárbara de Cajaíba,
Yalorixá, que de Mustafá rosas exala,
Que bondade transpira e carinho traz.
Filhos seus somos, fiéis à sua ordem.
Filhos seus somos, com prazer e honra,
Consagrando este momento de alegria e de paz.

 
                                             Heráclito Barbosa e Orion Feitosa

 

 

 

 

 

Quando eu chegar no terreiro,

 

Minha Mãe Bárbara que segures os tambores,

 alguidares e agogores que vou fazer meu amalá,

Vou ofertar ao meu pai Xangô as rodelas de quiabo,

 carne de carneiro e inxès dentre outras coisas a mais.

 

Vou vadiar, vou xirear, vou batucar,

Vou gritar suavemente no sotaque somente meu.

Vou pedir ao meu pai tudo aquilo que quero

 E que sei que à humanidade faz bem.

 

Vou pegar meu ojá e pedir a nosso pai oxalá,

 Que nos dê a paz e com irmandade cantar.

Vou pedir para que a mameet´u makamba

 Faça o meu inguediar.

 

Vou brincar com os ibejis, erês e irmãos

até meu pai chegar.

Quando ele, o meu pai, chegar

vou entoar o mais forte ingorossi,

até os meus irmãos à cumieira saudar.

 

Ascenderei minha muila

 Lá nas terras que recobrem

Raízes da sagrada gameleira

Consagrada a até mesmo, ao tateto Aluvaiá.

 

À minha mãe Bárbara, peço a benção,

aos meus irmãos minha benção peço e vou dar,

quero paz! quero axé, sou filho do terreiro Caxuté!

filho de Kambaranguange pai de minha mãe Kafurengá.

 

Lá na terra sacralizada bem forte vou entoar

Auêto Tateto, Auêto Babá

 


                                                                                          HERÁCLITO BARBOSA